GAP - A importancia da posição e do conceito






Excelente artigo publicado na Revista Cardplayer escrito pelo sempre preciso CK.

Para se entender bem o Texas Hold´em, é fundamental conhecer o conceito de GAP. Se você ainda não sabe o que é isso, aqui vai uma rápida explicação:


um bom jogador abrirá a jogada com raise com uma grande quantidade de jogos; mas pagará um raise com uma quantidade muito menor. A diferença entre os jogos que ele abrirá com raise e não jogará contra um raise já imposto por outro adversário é chamado de gap.

Neste artigo quero analisar uma circunstância comum, envolvendo pares baixos, que muitas pessoas me perguntam como jogar e que realmente apresentam situações difíceis de saber qual a melhor decisão a ser tomada.

Suponha um torneio multi-table em estágio “intermediário”. Um jogador short-stack na posição do meio da mesa empurra all-in (5x o big blind) e o big blind, que está large stack, paga com 2-2.

Não vou negar que eu já considerei esse call correto, mas depois de ler e estudar mais sobre o conceito de gap, vou dizer por que não considero essa a melhor jogada.

Primeiro, vamos entender a razão pela qual o jogador com muitas fichas deu call:

• Ele achava que seria uma situação de coin flip, em que o par de dois seria favorito por uma pequena margem, contra quaisquer overcards.
• Ele sabia que o jogador não tinha muitas fichas e não sairia “machucado” ao arriscar nessa situação, já que se encontrava numa situação confortável no torneio.
• Ele estava tentando eliminar da disputa um jogador com poucas fichas, o que sempre é bom.

Não considero que essas três razões sejam suficientes para fazer com que esta jogada possua eqüidade positiva. Vejamos:

• Cerca de 60% das vezes ele estará num coin flip contra duas cartas acima, ganhando esta disputa aproximadamente 51% das vezes, contra o range de cartas que um jogador em middle position que entra de all-in sendo o short stack.

• As outras 40% das vezes, ele se verá contra um par mais alto, com menos de 20% de chance de vitória. Essas duas situações geram a seguinte estatística: (.6*.51) + (.4*.19) = .382 = 38,2%.

• Os pot odds na situação, por causa dos blinds naquela altura do torneio, geravam esse valor aproximado de 38%. Isso faz com que o call seja matematicamente correto, mas esse cenário não pode ser analisado apenas através de uma visão exata ou matemática, e eu já cometi esse erro muitas vezes!

• A grande questão aqui é muito mais simples do que todos os cálculos que mostrei acima, pois a eqüidade para o jogador ganhar o torneio não aumenta de forma considerável se ele vencer esta mão; em contrapartida, a eqüidade cairá muito em caso de derrota.

“Mas, e o valor de se eliminar um jogador, não conta??” Lembre-se de que estamos ainda no meio do torneio. Se estivéssemos num momento mais decisivo, este argumento seria extremamente válido.

Esse é o grande dilema dessa situação, já que a linha que separa o erro do acerto é muito tênue para o restante da jogada, sendo bastante difícil de criticar.


Pense sempre assim: as fichas que você arrisca são sempre mais valiosas do que as fichas dos outros jogadores. Sabe por quê? Porque você sabe muito bem o que fazer com elas! É assim que pensam os grandes vencedores!